terça-feira, 14 de setembro de 2010

Aos pés da Cruz!

Muitas pessoas presenciaram curiosos a crucifixão de Cristo no alto do Calvário.  São muitos os que assistiam atónitos ao suplício de um homem inocente. mas, são poucos os que ficaram aos pés da cruz: a mãe de Jesus; a irmã de Maria de Nazaré, Maria de Cleofas e Maria de Magdala, e nos assegura mais a frente o evangelista que perto da mãe estava também o discípulo amado de Jesus. Um pequeno grupo de pessoas. Somente um pequeno grupo de fidelíssimos têm a coragem de não fugir e testemunhar a própria fé Nele. Somente poucos audazes, juntamente com Maria têm a coragem de suportar com Cristo a dor e o sofrimento por uma morte injusta. Hoje, na Solenidade da Virgem das Dores somos chamados a contemplar Jesus no maior gesto de obediência da sua história. Somos chamados a olhar para Cristo e o mistério da nossa salvação, através do olhar da Mãe. 
Contemplar este drama na vida da família de Nazaré, o último evento que Maria vive com o Filho, é quase entrar nos sentimentos de uma mãe com um filho… um olhar; uma palavra; um silêncio; um estar em pé, fixo, diante de eventos chocantes… e, no fim repetir ainda, de modo tácito, a própria adesão a um Projecto maior: a Salvação da Humanidade. 
Não é talvez este o momento em que Maria reassume  de maneira extraordinária  todos os “sins” que vinha pronunciando desde a Anunciação? Dos sim ditos explicitamente; dos sim ditos sussurrando; dos sim escondidos na contemplação e na meditação de tantos eventos racionalmente não compreensíveis… no entanto Maria diante de todas estas coisas nunca colocou resistência. Procurou sempre a vontade de Deus!
Estar aos pés da cruz para Maria tornou-se somente um aperfeiçoamento de um itinerário, de um caminho, de um discípulado. Tornou-se um ir re-escrevendo a história com os olhos de Deus; história de uma mulher que soube estar constantemente à procura… fez constantemente memória das promessas de Deus, ensinando-nos a não deixarmo-nos abater mesmo diante dos tempos difíceis; mesmo quando o sofrimento é agudo; mesmo quando seria mais fácil abandonar-nos ao desconforto, ao abatimento, à desolação, ao falhanço…
É exactamente nestes momentos que a fé que Maria viveu, e hoje nos é re-proposta, é a fé daquela que sabe que “Deus é maior que o nosso coração”. 
Desta maneira Maria nos apresenta o seu ser nova criatura. Somente quem se deixa permear pela Palavra de Deus, pelo encontro com o Senhor Jesus; somente quem tem a coragem de abrir diante de si e dos irmãos estradas novas para encontrar Jesus, e portanto a salvação, tem também a coragem, a audácia, a força que vem do Espírito de permanecer parado, com dignidade, com responsabilidade, diante de cada evento inclusive o mais doloroso, para dizer que Jesus venceu a Morte… e as mortes de toda espécie. 
Estar face e face com Jesus, para Maria tornou-se um olhar e contemplar a impotência do homem… também Maria diante da cruz de Cristo era impotente. Mas é diante desta impotência que se manifesta a grandeza de Deus. 
O estar aos pés da cruz de Maria nos encoraja a não fugir e a repetir não com palavras mas com a vida as palavras do Apóstolo Paulo: “completo no meu corpo o que falta aos sofrimentos de Cristo”. Nos ensina a permanecermos aos pés das tantas cruzes, pequenas e grandes, que encontramos na nossa vida quotidiana. Somente assim evitaremos o risco de nos fecharmos no nosso egoísmo, na procura do nosso sucesso pessoal, mas nos abre ao mundo com olhos novos porque homens novos. 
Aos pés da cruz Maria foi confiada a João, o discípulo amado, e nele a toda humanidade, como um bem precioso, como um dom espiritual, como aquela que soube caminhar por vias difíceis mas belas do discipulado. É nossa obrigação acolhe-la para aprender dela como caminhar atrás de Jesus, como estar aos pés das infinitas cruzes ainda disseminadas nos nossos caminhos, como aprender a repetir aquele fiel SIM da vida que nos faz capazes de repetir “não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim”. 

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