quinta-feira, 29 de abril de 2010

domingo, 25 de abril de 2010

Senhor; que queres que eu faça?


O quarto domingo da Pascoa é conhecida como domingo do Bom pastor e na Igreja rezamos pelas vocações. Começemos com um olhar. E um olhar positivo! Cada um de nós é aquilo que olha; e aquilo que olha passa a constituir motivo de interesse. Lembremos o olhar de Cristo ao jovem Rico: "Jesus, fitando nele o olhar, sentiu afeição por ele" (Mc 10,21).


2009 foi o ano europeu dedicado à criatividade e à inovação. No fundo, celebraou-se os imensos e incontáveis dons da criação. O universo é uma infinita sinfonia, no qual cada ser é único, criativo e diverso. Celebrar a criação é ficar boquiaberto ante infinita biodiversidade. Um olhar extasiado numa noite de céu estrelado ou a surpresa de uma paisagem, provoca a pergunta: que pintor compôs esta tela de tão deslumbrante beleza?

Uma das coisas terríveis das nossas cidades é que há tantas paredes e muros de betão que quase nos "tornamos "toupeiras", não nos deixando ver e escutar a sinfonia da beleza da biodiversidade. Hoje, talvez uma das coisas mais trágicas na educação das crianças e dos jovens seja não se dar espaço para descobrir essa maravilha que é a Biodiversidade. Então ficam bloqueadas, soterradas na profundidade do nosso eu muitas perguntas sem resposta.

Se não somos educados para as perguntas essenciais da vida seremos provavelmente uns "falhados" vocacionalmente. Uma "página vocacional" começa por pararmos ante a vida e olhá-la como uma fonte criativa e inovadora.

Só com este olhar radicalmente positivo acerca da minha existência eu posso responder à pergunta misteriosa: a minha vida... para quê?

Uma das personagens mais criativas e inovadoras da história da humanidade foi São Francisco de Assis. O "Poverello" não foi um Einstein que descobriu a fórmula matemática da teoria da relatividade. Nem um Fleming que descobriu a penicilina. Mas nem só os cientistas são criativos e inovadores. Também aqueles que, como Francisco de Assis sabem viver a cantar a fraternidade, se tornam "benfeitores" da humanidade.

DAI-NOS ROSTOS CLAROS

Pai,
Senhor do Universo e da História,
nós sabemos que as vocações
são um dom do vosso amor,
fruto da vossa iniciativa,
chamamento que fazeis a cada um,
para viver uma existência
plena de amor e liberdade.
Escutai hoje esta oração
que vos pede especialmente
aqueles operários que se dediquem
às grandes messes da humanidade inquieta,
que façam ouvir o Evangelho
aos que não se sentem amados,
que andam perdidos e desorientados.
Mandai-nos apóstolos de coração puro,
testemunhos santos.
Rostos claros de pessoas felizes
porque escolhem o máximo,
arriscam tudo e recebem cem vezes mais.
Não Vos importa
que nos faltem mestres de caridade e paciência?
Apóstolos que digam aos jovens
que há uma beleza indestrutível no mais fundo de si,
misteriosa e luminosa,
que nada nem ninguém pode ofuscar?
Operários que os ajudem a sintonizar
a voz bela e verdadeira do Bom Pastor
que os chama porque os ama?
Que os vossos operários
transmitam confiança e serenidade,
sejam sinais de esperança, do Reino que virá.
Escutai com bondade, ó Pai,
estes pedidos que Vos fazemos com fé,
cumprindo as indicações de Jesus,
Vosso Filho e nosso Irmão.
Ámen

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Eu Sou o Bom Pastor!

Como está feliz, a criança a quem damos a mão! Sente-se em segurança, já não tem medo, é considerada como uma pessoa. Jesus, na parábola do Bom Pastor, evoca a ligação que existe entre o verdadeiro pastor e as suas ovelhas. Elas parecem estar na sua mão porque, diz ele, “ninguém as arrancará da minha mão”. Jesus veio tomar a humanidade pela mão para dela cuidar, curar, conduzir, erguer, numa palavra, “salvar”. Ora, se Ele veio tomar a humanidade pela mão, é porque o Pai O enviou, como os dois fazem UM, é na mão do Pai que se encontra a humanidade, e, afirma Jesus, ninguém pode arrancar nada da mão do Pai. Que segurança para nós! Saber que estamos em segurança na mão de Deus: criando-nos e recriando-nos, tal como o oleiro, modela-nos e renova-nos. Perdoando-nos, tal como o pai do filho pródigo, reconcilia-nos com Ele, connosco mesmos e com os outros. Guiando-nos, tal como o Bom Pastor, faz-nos caminhar no caminho da felicidade. Oferecendo-nos a sua vida, tal como o Filho na cruz, faz de nós vivos. (http://www.dehoneanos.org/)

quinta-feira, 15 de abril de 2010

É o Senhor!



A vida retomou o seu ritmo para os apóstolos: reencontram a sua profissão, o seu barcos e as redes, mesmo se a vida já não é como antes. Viram o Ressuscitado, Ele apareceu-lhes, reconheceram-n’O, o Espírito foi derramado sobre eles, mas a passagem do ver ao reconhecer não é evidente. João, já diante do túmulo vazio, viu e acreditou. É necessário o seu acto de fé proclamado – “É o Senhor!” – para que Pedro se lance à água para a pesca. Encontramos a espontaneidade tão humana de Pedro e, ao mesmo tempo, a sua espontaneidade de crente. Os discípulos fazem, nesse dia, a experiência da prodigalidade do amor de Deus: não conseguem arrastar as redes, dada a quantidade de peixe. Fazem também a experiência da universalidade da salvação: havia 153 grandes peixes, número que evoca, segundo S. Jerónimo, todas as espécies de peixes enumerados na época. É, então, graças a um sinal que os discípulos reconhecem o Ressuscitado. Jesus Cristo não tem mais necessidade de dizer quem Ele é… Eles sabem que Ele é o Senhor.

Sacerdotes pedófilos: um pânico moral

Por Massimo Introvigne  (tradução e recebido de É o Carteiro)
Por que motivo se volta a falar de sacerdotes pedófilos, com acusações que remontam à Alemanha, a pessoas próximas do Papa, e talvez mesmo ao próprio Papa? A sociologia tem alguma coisa a dizer sobre isto, ou deve deixar o assunto exclusivamente ao cuidado dos jornalistas? Parece-me que a sociologia tem muito a dizer, e que não deve calar-se por receio de desagradar a algumas pessoas. Do ponto de vista do sociólogo, a actual discussão sobre os sacerdotes pedófilos constitui um exemplo típico de «pânico moral». O conceito surgiu nos anos 70 do século XX, para explicar a «hiperconstrução social» de que alguns problemas são objecto; mais precisamente, os pânicos morais foram definidos como problemas socialmente construídos, caracterizados por uma sistemática amplificação dos dados reais, quer a nível mediático, quer nas discussões políticas. Os pânicos morais têm ainda duas outras características: em primeiro lugar, problemas sociais que existem desde há várias décadas são reconstruídos, nas narrativas mediáticas e políticas, como problemas «novos», ou como problemas que foram objecto de um alegado crescimento, dramático e recente; em segundo lugar, a sua incidência é exagerada por estatísticas folclóricas que, embora não confirmadas por estudos académicos, são repetidas pelos meios de comunicação, podendo inspirar persistentes campanhas mediáticas. Por seu turno, Philip Jenkins sublinhou o papel dos «empresários morais», pessoas cujos interesses nem sempre são óbvios, na criação e na gestão destes pânicos. Os pânicos morais não fazem bem a ninguém; distorcem a percepção dos problemas, comprometendo a eficácia das medidas destinadas a resolvêlos. A uma análise mal feita não pode nunca deixar de se seguir uma intervenção mal feita.
Sejamos claros: na origem dos pânicos morais estão condições objectivas e perigos reais; os problemas não são inventados, as suas dimensões estatísticas é que são exageradas. Numa série de interessantes estudos, Philip Jenkins mostrou que a questão dos sacerdotes pedófilos é talvez o exemplo mais típico de pânico moral; com efeito, estão aqui presentes os dois elementos característicos desta situação: um dado real de partida, e um exagero deste dado por obra de ambíguos «empresários morais».
Comecemos pelo dado real de partida. Há sacerdotes pedófilos. Alguns casos, repugnantes e perturbadores, foram alvo de condenações peremptórias, e os próprios acusados nunca se declararam inocentes. Estes casos – passados nos Estados Unidos, na Irlanda, na Austrália – explicam as severas palavras proferidas pelo Papa, bem como o pedido de perdão que dirigiu às vítimas. Mesmo que se tratasse apenas de dois casos – ou de um só –, seriam sempre demais; contudo, a partir do momento em que não basta pedir perdão – por muito nobre e oportuna que tal atitude seja –, sendo preciso evitar que os casos se repitam, não é indiferente saber se foram dois, ou duzentos, ou vinte mil. Como também não é irrelevante saber se os casos são mais ou menos numerosos entre os sacerdotes e os religiosos católicos do que entre outras categorias de pessoas. Os sociólogos são muitas vezes acusados de trabalhar com a frieza dos números, esquecendo que, por detrás dos números, se encontram pessoas; acontece porém que, embora insuficientes, os números são necessários, porque são o fundamento de uma análise adequada.
Para se compreender como é que, a partir de um dado tragicamente real, se passou a um estado de pânico moral, é pois necessário perguntar quantos são os sacerdotes pedófilos. Os dados mais amplos sobre esta matéria foram recolhidos nos Estados Unidos onde, em 2004, a Conferência Episcopal encomendou um estudo independente ao John Jay College de Justiça Criminal da Universidade de Nova Iorque, que não é uma universidade católica e que é unanimemente reconhecida como a mais autorizada instituição académica americana em criminologia. De acordo com este estudo, entre 1950 e 2002, 4392 sacerdotes americanos (num total de 109.000) foram acusados de manter relações sexuais com menores; destes, pouco mais de uma centena foram condenados pelos tribunais civis. O reduzido número de condenações por parte do Estado deriva de vários factores. Em alguns casos, as vítimas – efectivas ou presumidas – acusaram sacerdotes que já tinham morrido, ou cujos alegados crimes já tinham prescrito; noutros casos, a acusação e a condenação canónica não corresponde à violação de nenhuma lei civil, como acontece, por exemplo, em diversos estados americanos em que o sacerdote tenha tido relações com uma – ou mesmo com um – menor com mais de dezasseis anos que tenha consentido no acto. Mas também houve muitos casos clamorosos de sacerdotes inocentes que foram acusados, casos que se multiplicaram na década de 1990, quando alguns escritórios de advogados perceberam que podiam arrancar indemnizações milionárias na base de simples suspeitas. Os apelos à «tolerância zero» justificam-se, mas também não deve haver tolerância relativamente à calúnia de sacerdotes inocentes.
Acrescento que, relativamente aos Estados Unidos, os números não mudariam de forma significativa se lhes juntássemos o período de 2002 a 2010, porque o estudo do John Jay College já fazia notar o «notável declínio» do número de casos observado no ano 2000. As novas investigações foram muito poucas, e as condenações pouquíssimas, devido às rigorosas medidas introduzidas, quer pelos bispos americanos, quer pela Santa Sé. O estudo do John Jay College afirma, como muitas vezes se lê, que 4% dos sacerdotes americanos são «pedófilos»? Nem pensar. De acordo com o referido estudo, 78,2% das acusações que já ultrapassaram a puberdade. Ter relações sexuais com uma rapariga de dezassete anos não é certamente um acto de virtude, muito menos para um sacerdote; mas também não é um acto de pedofilia. Assim, os sacerdotes acusados de pedofilia efectiva nos Estados Unidos foram 958 em cinquenta e dois anos, ou seja, dezoito por ano; as condenações foram 54, ou seja, pouco mais de uma por ano. referemse a menores O número de condenações penais de sacerdotes e religiosos noutros países é semelhante ao dos Estados Unidos, ainda que não exista, relativamente a nenhum país, um estudo completo como o do John Jay College. Na Irlanda, são frequentemente citados relatórios governamentais, que definem como «endémica» a presença de abusos nos colégios e orfanatos (masculinos) geridos por algumas dioceses e ordens religiosas, e não há dúvida de que houve casos de gravíssimos abusos sexuais de menores neste país. Uma análise sistemática destes relatórios permite contudo perceber que muitas das acusações dizem respeito à utilização de meios correctivos excessivos ou violentos. O chamado Relatório Ryan, de 2009, que recorre a uma linguagem muito dura no que diz respeito à Igreja Católica, assinala, em 25.000 alunos de colégios, reformatórios e orfanatos, no período analisado, 253 acusações de abusos sexuais por parte de rapazes e 128 por parte de raparigas (e nem todas são atribuídas a sacerdotes, religiosos ou religiosas), de natureza e gravidade diversas, raramente referidas a crianças pré-púberes e que ainda mais raramente conduziram a condenações.
As polémicas das últimas semanas, relativas à Alemanha e à Áustria, expõem uma característica típica dos pânicos morais: apresentar como «novos» factos ocorridos há muitos anos ou, como em alguns casos, conhecidos parcialmente há mais de trinta anos. O facto de eventos ocorridos em 1980 terem chegado à primeira página dos jornais apresentados como se tivessem acontecido ontem – e com particular insistência no que diz respeito à Baviera, a área geográfica de onde o Papa é originário –, e de deles resultarem violentas polémicas, com ataques concentrados, que todos os dias anunciam, em estilo gritante, novas «descobertas», mostra claramente que o pânico moral é promovido por «empresários morais» de forma organizada e sistemática. O caso que – de acordo com os títulos de alguns jornais – «envolve o Papa» é um caso de manual; referese a um episódio de abusos que teve lugar na Arquidiocese de Munique da Baviera e Freising, da qual era Arcebispo o actual Pontífice, e que remonta a 1980. O caso veio à luz em 1985 e foi julgado por um tribunal alemão em 1986, estabelecendo, entre outras coisas, que a decisão de instalar o sacerdote em questão na diocese não tinha sido tomada pelo Cardeal Ratzinger, nem era sequer do seu conhecimento, circunstância que não é propriamente de estranhar numa diocese grande, com uma burocracia complexa. A verdadeira questão deve ser, pois: o que leva um jornal alemão a decidir recuperar o caso, e trazê-lo à primeira página vinte e quatro anos depois?
Uma pergunta desagradável – porque o simples facto de a colocar parece uma atitude defensiva, e também não consola as vítimas –, mas importante, é a de saber se um sacerdote católico corre, pelo facto de o ser, mais riscos de vir a ser pedófilo ou de abusar sexualmente de menores do que a maioria da população, duas situações que, como se viu não são idênticas, porque abusar de uma rapariga de dezasseis anos não é ser pedófilo. É fundamental responder a esta pergunta, para descobrir as causas do fenómeno, e portanto para poder evitá-lo. De acordo com os estudos de Philip Jenkins, comparando a Igreja Católica dos Estados Unidos com as principais denominações protestantes, a presença de pedófilos é, dependendo das denominações, duas a dez vezes superior entre os pastores  protestantes. A questão é relevante, porque mostra que o problema não é o celibato, dado que, na sua maioria, os pastores protestantes são casados. No mesmo período em que uma centena de sacerdotes católicos eram condenados por abusos sexuais de menores, o número de professores de educação física e de treinadores de equipas desportivas jovens, também quase todos casados, considerados culpados do mesmo delito nos tribunais americanos atingia os seis mil. Os exemplos podem multiplicar-se, e não só nos Estados Unidos. E o principal dado a ter em conta, de acordo com os relatórios periódicos do governo americano, é o de que dois terços dos abusos sexuais a menores não são feitos por estranhos, ou por educadores – incluindo os sacerdotes católicos e os pastores protestantes –, mas por membros da família: padrastos, tios, primos, irmãos e pelos próprios pais. E existem dados semelhantes relativamente a muitos outros países. E há um dado ainda mais significativo, mesmo que politicamente incorrecto: 80% dos pedófilos são homossexuais, são homens que abusam de outros homens. E – voltando a citar Philip Jenkins – 90% dos sacerdotes católicos condenados por abusos sexuais de menores e pedofilia são homossexuais. Se a Igreja Católica tem efectivamente um problema, não é o do celibato, mas o de uma certa tolerância da homossexualidade nos seminários, que teve particular incidência nos anos 70, a época em que foi ordenada a grande maioria dos sacerdotes que foram posteriormente condenados por abusos. Um problema que Bento XVI está a corrigir com todo o vigor. De forma mais geral, o regresso à moral, à disciplina ascética, à meditação sobre a verdadeira e grandiosa natureza do sacerdócio, são os melhores antídotos contra a verdadeira tragédia que é a pedofilia; e o Ano Sacerdotal também deve ter esse objectivo.
Relativamente a 2006 – altura em a BBC emitiu o documentário de Colm O’Gorman, deputado irlandês e activista homossexual – e a 2007 – altura em que Santoro apresentou a respectiva versão italiana em Annozero –, não há, na realidade, grandes novidades, à excepção de uma crescente severidade e vigilância por parte da Igreja. Os casos dolorosos dos quais se tem falado nas últimas semanas não são todos inventados, mas sucederam há vinte ou trinta anos.
Ou talvez haja uma novidade. Como se explica esta recuperação, em 2010, de casos antigos e muitos deles já conhecidos, ao ritmo de um por dia, atacando de forma sempre mais directa o Papa, um ataque aliás paradoxal, tendo em consideração a enorme severidade, primeiro do Cardeal Ratzinger, e depois de Bento XVI, relativamente a este tema? Os «empresários morais» que organizam o pânico têm objectivos específicos, objectivos esses que se vão tornando cada vez mais claros, e que não são a protecção das crianças. A leitura de certos artigos permite compreender que – na véspera de escolhas políticas, jurídicas e mesmo eleitorais que, um pouco por toda a Europa e pelo mundo, põem em questão a administração da pílula RU486, a eutanásia, o reconhecimento das uniões homossexuais, temas em que a voz da Igreja e do Papa é quase a única que se ergue a defender a vida e a família – poderosos grupos de pressão se esforçam por desqualificar preventivamente esta voz com a acusação mais infamante, que é também, hoje em dia, a mais fácil de fazer: a acusação de favorecer ou tolerar a pedofilia. Estes grupos de pressão mais ou menos maçónicos são uma prova do sinistro poder da tecnocracia, evocado pelo mesmo Bento XVI na encíclica Caritas in Veritate e denunciado por João Paulo II na mensagem para o Dia Mundial da Paz de 1985 (de 08.12.1984), quando se referia aos «desígnios ocultos», a par de outros «abertamente propagandeados», «com vista a subjugar os povos a regimes em que Deus não conta».
Vivemos realmente numa hora de trevas, que traz à mente a profecia de um grande pensador católico do século XIX, o piemontês Emiliano Avogadro della Motta (1798-1865), que afirmava que das ruínas provocadas pelas ideologias laicistas nasceria uma verdadeira «demonolatria», que se manifestaria de modo especial no ataque à família e à verdadeira noção do matrimónio. Restabelecer a verdade sociológica sobre os pânicos morais relativamente aos sacerdotes e à pedofilia não permitirá travar este grupo de pressão, mas poderá constituir, pelo menos, uma pequena e devida homenagem à grandeza de um Pontífice e de uma Igreja feridos e caluniados porque se recusam a calarse nas matérias que dizem respeito à vida e à família.

Março de 2010

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Meu Senhor e meu Deus!

Jesus deixa-Se ver aos seus discípulos, o que os enche de alegria. Envia sobre eles o seu Espírito para que respirem do mesmo sopro e espalhem, por sua vez, o sopro da misericórdia de Deus. Tomé não está lá nessa tarde de Páscoa, o testemunho dos apóstolos não consegue convencê-los; ele quer ver, quer tocar, recusa reconhecer o Ressuscitado num fantasma. Jesus respeita a sua caminhada, e é Ele próprio que lhe propõe para ver e tocar. Tomé, então, proclama o primeiro acto de fé da Igreja: “Meu Senhor e meu Deus!” Ele reconhece não somente Jesus ressuscitado, marcado pelas chagas da Paixão, mas adora-O como seu Deus. Então, Jesus anuncia que não Se apresentará mais à vista dos homens, mas será necessário reconhecê-l’O unicamente com os olhos da fé. E faz desta fé uma bem-aventurança: “felizes os que acreditam sem terem visto!” Também nós, hoje, somos convidados a viver esta bemaventurança.
Oxalá possam as nossas dúvidas e as nossas questões ser, como para Tomé, caminho de fé!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Mulher porque choras?

As perguntas de Deus nunca são por acaso. São perguntas que tocam a profundidade do homem dando novo vigor á sua vida. Já desde o início o criador é em busca da sua criatura: “Adão, onde estás?” Não se trata de perguntas apenas para colocar o homem contra a parede, mas para dar início a uma aventura de amor que atravessa todas as páginas da Escritura. Deus é desde sempre em busca do homem como o pastor que deixa as noventa e nove ovelhas para procurar uma. Aquela perdida, aquela com maiores dificuldades e menos fortuna. Nenhum juízo ou reprovação, mas infinito cuidado e uma paciência incrível, que é pois a paciência de quem ama.



No capitulo 20 do Evangelho de João é central a busca do ressuscitado da parte de Maria Magdala. Na manhã de Páscoa a coragiosa e leal seguidora do Pregador de Nazaré vai ao sepulcro: deseja ver, tocar, tomar conta da situação…. O amor não se resigna diante da morte mas segue os últimos traços de uma vida despedaçada e destruída mas que dentro faz ainda palpitar o coração.
Maria é a primeira a ir ao Sepulcro e a constatar que a pedra foi removida enquanto o corpo do Senhor desapareceu. Maria vive um profundo sentimento de tristeza! É partindo do sentimento do seu coração que esta discípula poderá viver um encontro inesperado com o Senhor.


Mulher porque choras? Perguntam os anjos junto ao Sepulcro, e um misterioso jardineiro lhe repete a mesma pergunta acrescentado: quem procuras? Demasiado tomada da sua dor, Maria dá uma resposta que é uma humaníssima pergunta de ajuda para poder ao menos encontrar o cadáver do amigo. Somente quando Jesus pronuncia o seu nome acontece o reconhecimento, se placa a tensão das buscas e se acende o movimento da missão: “Maria foi e anunciou aos discípulos”

sábado, 3 de abril de 2010

Cristo é vivo! Aleluia!!

Jesus era plenamente homem e sabia o que era o homem. Sabia que os homens têm necessidade de sinais para crer. Não será por isso que, durante os seus três anos de vida pública, Ele fez muitas vezes sinais curando os doentes, multiplicando os pães e ressuscitando os mortos?! Aliás, é através de um sinal que Ele inicia a sua vida pública, em Caná da Galileia onde, segundo acrescenta o evangelista João, “manifestou a sua glória e os discípulos acreditaram n’Ele”. Ele deixa dois sinais às mulheres e aos discípulos que vieram prestar-lhe uma última homenagem: o túmulo vazio e o lençol. Diante de um sinal, somos livres de o interpretar e de o ler, de lhe procurar o significado. Face a uma prova, não somos livres, estamos diante de uma evidência. O acto de fé exprime-se em presença de sinais e não de provas. Assim, João vê estes sinais e acredita neles. Sem dúvida porque se recorda das palavras do Mestre anunciando várias vezes a sua morte e a sua ressurreição. Os seus olhos de carne viram, os seus olhos da fé acreditaram. Então, como os discípulos em Emaús, ele não tem mais necessidade de ver Jesus de Nazaré com quem ele comeu e bebeu: ele reconhecia o Ressuscitado através dos sinais.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

TENHO SEDE!



Tenho sede! Aqui, do alto desta cruz, um triste púlpito que lança sombra sobre o significado da minha existência, um unico grito sai desta minha carne humilhada, açoitada, arada pelas garras de uma paixão, de um amor não correspondido ou, talvez, simplesmente não entendido. E de um horizonte marcado pela drama dramática do morrer, duma vida que só tem o sabor de lágrimas, que se nutre de um pão empastado com o fermento de amargura, como por um instinto, aquela promessa que diz a beleza da existência e o valor de uma vida escolhida e vivida, faz amadurecer e nascer um grito: tenho sede! Talvez a última tentativa de uma vida que agora encontra-se impotente para travar uma batalha que já se sabe o resultado, em memória dolorosa desta experiência, contra os suspiros do fracasso, da solidão, do abandono, contra aquela voz , mais forte do que qualquer outra tentação, que continua a dizer que talvez nada, e até a propria vida, faz sentido: Tenho sede! Uma sede, que constrói a ponte sobre o fosso que está enraizado no mundo e no coração dos homens quando a morte encontra a vida e a decreta o fim; uma sede que, talvez, duma maneira inconsciente e além de qualquer razão plausível, anuncia que esta vida é habitada por um sentido que não apaga o primeiro, a minha existencia e os desejos que a acompanharam, mas que aqui, sobre esta dura madeira, sobre esta cruz, empurra-a para uma forma plena.

E esta sede, a sede por Aquele que é perfurado por nós, aquele que nos cura com as suas chagas, o Crucificado, neste seu grito (porque agora as palavras já não são sussurradas, mas gritadas), e na sua história trágica que, mesmo através da morte, anuncia o sentido da vida, dando-a uma forma plena, traz à luz, esclarece e justifica aquelas sedes profundas que orientam o nosso caminho; sede que conserva a profunda autenticidade, espessura, profundidade, mesmo quando ostenta os sinais evidentes do fracasso, da rejeição, da crise que a própria vida, que muitas vezes nos atrai e muitas outras vezes nos assusta, nos coloca no tapete do nosso caminho e no intimo da nossa sofrida respiração.

Tenho sede! Uma necessidade que profundamente abraça a identidade do homem que grita para a vida. Tenho sede! Um grito que diz a dignidade de uma promessa.
Tenho sede! A dependência che diz que a realização do existir.

Tenho sede!
Talvez como o grão de trigo que, germinando na terra árida e nas estepes de desilusões, rasga a crosta para renovar a sua existência, na tentativa e no desejo de ser acolhido na vida através o caloroso abraço de uma estrela.

Tenho sede!

Atualidade

O carinho do Papa Francisco que irrita muitos padres

É uma coisa maravilhosa mas, por exemplo, também João Paulo II foi à cadeia encontrar o seu assassino Ali Agca. Mas desta vez, aposto, ...

Aqui escreves TU