sábado, 23 de fevereiro de 2013

Do deserto ao tabor




Do deserto ao Tabor
Jesus toma consigo três discípulos e sobe ao monte, ali onde o dia amanhece mais cedo e se pousa o último raio de sol. Ali, Ele faz resplandecer a existência, reacende a chama das coisas, faz luzir o amor, dá esplendor aos encontros. Ainda hoje, o Mestre nos convida também a passar dos nossos desertos para aqueles lugares de luz, de encontro, de beleza e harmonia. Mesmo se alternamos trevas e luz, sombras e sol, tentação e transfiguração, estamos destinados àquela beleza que une as pessoas, a lei, os profetas, a Escritura e o universo. A nossa vocação está em libertar toda a beleza que Deus colocou em nós. No caminho ascendente do Tabor, o rosto do outro é uma lâmpada que ilumina os meus passos quando, nas suas vestes e na sua vida, descubro sementes de ressurreição.

“Como é bom estarmos aqui”!
Sim, é bom estar ali onde o mistério da pessoa brilha e ilumina, onde as palavras revelam os tesouros do coração, onde a Palavra chama, faz existir, floresce a vida e a torna bela.
Sim, é bom estar ali onde o céu encontra a terra, onde o tempo se enamora da eternidade, onde a história converge toda num momento. É belo estar ali onde Deus e o homem se descobrem, onde a fragilidade humana vê a glória divina, onde o Pai pronuncia intimamente o nome do Filho.
Sim, amigos e amigas, é belo estar aqui, nesta humanidade grávida de luz que se vai transfigurando! É belo ser de Cristo e saber que não é a tristeza a nossa verdade, mas é a luz. A partir do monte luminoso da alma, uma história de luz transparece no rosto de quem acolhe o tesouro do outro. A contemplação do rosto de Cristo, ícone da beleza de Deus, ensina-nos a beleza que salva o mundo!

Transfigurados na beleza do Amor
Como Pedro também nós gostaríamos de acampar na montanha das nossas solidões e preguiça, e não descer ao vale da vida para enfrentar o cansaço da conversão e o escândalo da cruz. Mas Jesus recorda que há sempre uma luz antes da escuridão, que há uma transfiguração antes da crucifixão, para que no meio de qualquer escuridão permaneça a experiência e a recordação da luz, da palavra e da presença de Deus.
Dos três discípulos, apenas João, nas trevas do calvário, procurará entrever, através dos furos que os pregos rasgaram, a luz gloriosa da ressurreição e, no corpo desfigurado do crucificado, verá pronunciar-se a sublime beleza de Deus. Naquela tarde, recordando a voz do Tabor, o discípulo amado reconhecerá nas palavras do centurião a verdadeira identidade do moribundo: “Ele é o Filho de Deus”. E isso, caros amigos e amigas, é Evangelho!
(Páginas da união)

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Conduzidos ao deserto!




“Estar no deserto, conduzido pelo Espírito”
O deserto é um lugar misterioso e intrigante, um espaço onde a sobrevivência e a morte caminham lado a lado, local de desafios e de audácia. É também o lugar onde Deus conduz os profetas para lhes falar ao coração, onde caminha com o povo hebreu partilhando a sua vida. Hoje, também as nossas cidades têm os seus desertos: o deserto da solidão e tristeza de tantos; o deserto de uma crise que avança impiedosa; o deserto de muitas perguntas sem respostas… Na verdade, basta uma quebra em Wall Street e falta o pão na nossa casa; basta uma febre e definha a saúde; basta uma união desfeita e desaparece alegria. Mas, se o Evangelho nos convida a entrar no deserto é porque – como disse Saint-Exupéry – em cada deserto há um poço, em qualquer angústia existe um rebento de ressurreição. No deserto são as estrelas que traçam a rota. Talvez ali descubramos dentro de nós a nostalgia do Céu, a liberdade desmesurada, o silêncio que permite a escuta, a luz que desmascara as trevas, a presença capaz de um encontro…

“Se és Filho de Deus”
As três tentações metem em jogo a relação filial de Jesus com o Pai, são um desafio entre dois projectos, são uma escolha entre dois amores.
As tentações são a divisão do nosso coração feito de cinzas e de luz, são um convite a alimentar-se só de pão, a contentar-se com a própria história, a viver sem sonhos, a silenciar a voz de Deus. O silêncio é então quebrado por aquela insinuação diabólica que gostaria de minar a nossa confiança no Amor: “onde está o teu Deus”? Todos sabemos que somos mendigos de pão, mas não podemos esquecer que somos também pedintes do céu e da eternidade, somos possuidores de tanta coisa mas mendicantes da beleza e do amor. O pão é bom e necessário, sacia o estômago, mas só Deus sacia a vida. Doutro modo, a existência é uma saca cheia de pedras que se tornaram pão duro e amargo de cada dia.

“Está escrito”
Nas três tentações Jesus convoca Deus ao seu lado e cada resposta é silabada e gritada com o alfabeto da Palavra de Deus: “está escrito...!”, está gravado no coração! Porque o que se escreve permanece, é promessa, é realidade! Jesus não dialoga com o Diabo, mas contrapõe sempre um amor maior: o de um Pai que nunca o abandona.
O grande engano é acreditar que o tesouro da vida esteja num naco de pão, na folia do poder ou no excesso de sucesso. O engano é acreditar que assim se pode eliminar a fome do céu e de paz. O maior engano é servir-se da vida caminhando nas palmas de anjos, sem avançar como crianças confiantes apenas na força com que nos aperta o abraço do Pai.
Mesmo quando caímos dos pináculos vazios da vida, Ele está presente. Talvez não como nós desejaríamos, mas à sua maneira. E não para evitar a queda, mas para ajudar a levantar e a continuar. E, então, fazer florescer o deserto. Isso, caros amigos e amigas, é Evangelho!

Atualidade

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